quinta-feira, 22 de julho de 2010

conto de passarinho


mais que dia e meio, passarinho esperou no batente da janela a sua hora de voar. faz tempo, deixei-lhe gaiola aberta, mas era ao redor dela e nos ares da minha que experimentava seus passeios. noite de segunda, o primeiro olhar. fiquei de pé, do lado da cama, vendo-o ir em direção a janela. faz tempo... era de se esperar. minha janela nunca teve boa vista, mas ele empoleirou no batente para ver o céu não sei em qual cor. noite depois ainda estava lá e uma lágrima tardia escorreu no meu rosto. ele hesitou. aí, então, tudo se passou em poucos minutos. sentei na cama, de costas para a janela. antes de chegar o meu tempo de olhar para trás, avistei uma pequena pena voando, quarto à dentro, em seu lugar. Peguei-a no ar e a prendi por entre a grade de cima da gaiola. e, com essa, saí falando: até domingo, arranjo um fim para ti.


domingo, 11 de julho de 2010

sonho, delírio e contradição



na natureza, primeiro, cria-se asas. depois, aprende-se a voar.
e, assim, a natureza nos faz saber que, primeiro, aprende-se a voar. depois, cria-se asas.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

daqui


do céu, desabam os nãos.
dos nãos, desabam o céu.

todo círculo tem seu fim.
todo fim tem seu círculo.

paixão, amor
olhos abertos para ver a luz
olhos fechados para ver a escuridão
poucas palavras, dor exata

nada é complicado
nem a vida, nem a morte
desde que alguma fé nos dê
simplicidade para doer.