quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

noite feliz


noite feliz. de luzes brancas e vermelhas piscantes. de lá, um olhar amistoso, uma voz calma, uma plena quietação. mistério. eu, solta, já planejada em seus braços, respirava desejosa, como diante de ti, sua própria aparição. somente voz. ao homem, cabe contar histórias. amigável, em tom quase sincero, entoou um pequeno conto para eu dormir. - dorme, menina. - a mensagem fora como um beijo na testa. - eu quero esperar, papai. quero esperar. quero vê-lo chegar a minha janela. só hoje, a grande noite do ano. hoje, ele vem. - dorme, quando ele chegar, eu te chamo, mas agora dorme. dorme, criança. a gente aprende logo a confiar nos homens e, desde cedo, a não querer ficar só. quando eles quase não podem nos deixar, para melhor fazê-lo, aprendem bem a contar histórias. uma boa história rende sonho para uma noite inteira. meninas somos assim noite feliz. eu confiava nele, mas nem por isto obedecia. naquela noite, fechei os olhos. guardei-me sob as cobertas. era enganar primeiro ele, depois o tempo. mas, como fora bela aquela história. ela despertou em mim o sonho. este homem de maior perigo, que nos cerca com leve ninar. ele enganou-me. em seu sono, adormeci a espera. na manhã seguinte, rápido susto ao despertar. corri a casa. vão. na volta para o quarto, lá no canto da cortina, o presente. manhã clara. nem pensei em perguntar ao homem. explicação nunca é boa história. noite feliz. sentada. ele volta em 365 dias. de mim, escapa um suspiro, já sem esperança de ainda ser menina para outra vez desejá-lo encontrar.


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