ouriço-do-mar
na praia onde vivi até o fim da minha adolescência tinha muitas pedras e, quando a maré estava bem baixa, dava para a gente andar um bocado por cima delas. a gente ia descalça com cuidado para não escorregar, com cuidado para não machucar os pés, com cuidado para não cair. eu andei por ali desde muito pequena. tinha pedras bem lisas, sequinhas, que rodeavam as melhores piscinas de água salgada, a gente estendia as cangas e deitava nelas para tomar sol. no ano que mudei de lá, eu quase já não ia à praia. e, mesmo assim, eu achava que conhecia bem aquelas pedras.
hoje, andando na rua, vi a imagem de um ouriço-do-mar. elas estavam sempre lá, às vezes, protegidas pelas pedras, às vezes, ameaçando os nossos pés. quando eu era criança, eu ficava um bom tempo olhando as pinaúnas. elas balançavam com a água leve que sobrava das pequenas ondas da maré vazia. e, mesmo molhadas e brilhantes, aos meus olhos, não pareciam um animal vivo. eu me lembrei da pinaúna. ela me lembrou da minha praia. e a minha praia me lembrou de todas as pedras, que a gente nunca podia esquecer onde estavam quando a maré enchia. tem anos que não vou lá. eu acho que nem sei mais o caminho das pedras.
Um comentário:
Olá! Só pra dizer que passei por aqui!
Um abraço!
Xero!
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