quinta-feira, 31 de julho de 2008
a-maré
cultivo a minha ansiedade em um lugar visível.
Para mim, esperar é uma atividade intensa.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Sonho de liberdade
É dos outros que tiro as minhas certezas.
Te liberto e seria ainda mais livre,
se você não sentisse culpa.
domingo, 27 de julho de 2008
Alguma coisa acontece em meu coração
Deixem que apenas as passagens reverberem em mim. Que um dia, distraída, o vento me traga aquelas palavras na voz de qualquer um. Algumas poderiam estar estampadas em todas as minhas camisetas. Talvez estejam... talvez devêssemos vestir um Shakespeare básico antes de sair de casa. Todos os dias.
Coragem. Inspiração.
Ontem, fui assistir a um espetáculo. O ator cumpriu o seu papel. Eu vou usar o teatro para.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
O método: Sentir
Enquanto o frio chega, a gente só sente e, mesmo quem nunca sentiu frio, entende que é verdade, quando a gente treme.
- Deve ser por causa do frio que a Rússia tem grandes atores.
terça-feira, 22 de julho de 2008
Reticência
Olho pequeno, baixo
Pousado em si
Anda devagar
vai
Lugar nenhum.
Dói; está vivo.
Angústia
Eu vou, mas canso
E quero sim
Desistir.
domingo, 20 de julho de 2008
Meu amigo imaginário
Ele perguntou: - Sentiu minha falta?
Eu respondi: - Para falar a verdade, sim.
Ele (assustado): - Pensei que fosse dizer não.
Eu (sem entender): - As pessoas pensam que a verdade é uma coisa negativa. Às vezes, sim. Na maioria das vezes, não.
Nosso tempo
Todo tempo, ela me lembrava você.
(...)
Eu ainda busco as mesmas coisas.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
O Medo
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.
E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.
Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.
Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.
Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.
Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.
Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?
Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas
do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.
Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.
E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.
O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.
Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.
Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,
eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 17 de julho de 2008
O que é sentido
Não estou tentando poesia, quero prosa, um diálogo no mais amplo sentido que o amor pode conter. Eu, além de mim, muito sobre diferentes coisas. Uma alegria, um leve estar, de quem descobre ao mesmo tempo uma corda, um tema, uma cor viva.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Tudo para dizer
Como doença, carrego para mim seu olhar
Eu que sinto, mas não entendo a diferença
Sempre te vendo tão seguro na sua juventude
Espero, à distância, enquanto finjo o não querer.
- Devolva o que é meu.
terça-feira, 15 de julho de 2008
3º olho
silencioso discreto o lado de dentro e de fora da janela
estar e não saber chegar. Estranho.
a alteridade a vontade a fuga
jogar no lixo o que não é meu Talvez não goste
Não goste de gente tanto assim. Estranho.
Tudo que não se conhece
A gente sempre fala da gente mesmo Para as direções Estranho. não. explicar, nem ...ia
Não estou no cruzamento, preenchendo as ruas
Estranho. que deveria me dizer, afasta e me perde
olhe para mim.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Meus vinte e tantos
sábado, 12 de julho de 2008
Simplismo coletivo
A civilização medida minuto-a-minuto pelo Ibope
O mercado publicitário é maior
Os edifícios, mais altos
E as ruas, incontáveis e estreitas
Para tantos, tantos, tantos... tanto.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
No tempo do sonho...
Desde pequenos, quando a brincadeira acabava,
ficávamos nós dois, tristes, ouvindo bronca da tia Desilusão.
E ainda agora, estavámos aqui, rindo,
a ver estrelas ao meio dia...
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Entre a estupidez e o cansaço
Só há uma saída: aprender a ouvir.
(Por que repito tanto?)
terça-feira, 8 de julho de 2008
A arte e o medo
Sinceridade sf Qualidade de livre.
Por mais repetido que seja, sempre será genuíno
como a sua carne, osso e linfa.
Ame-o e deixe-o viver.
frases de impacto II
Por falar nisso, recomendo que leiam no Google: Bar ruim é lindo, bicho - Por Antonio Prata.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
uma piada!
fácil esvaziar um blog inteiro com elas
a dificuldade está em ser alemão, novo baiano ou gente.
(...)
na busca de ser simplesmente
pes.so.a
sf (lat persona) 1 Criatura humana; homem, mulher. 2 Personagem. 3 Individualidade. 4 Dir Toda entidade natural ou moral com capacidade para ser sujeito ativo ou passivo de direito, na ordem civil. 5 Gram Ser real ou imaginário a que se atribui uma ação ou estado. 6 Gram Cada uma das diversas formas que assume o verbo na sua conjugação para expressar quem fala (1a. pessoa), aquele a quem se fala (2a. pessoa) e aquele de quem se fala (3ª. pessoa). P. bem parecida: pessoa bonita, simpática. P. civil: entidade moral que tem uma existência civil. P. de bem: pessoa de caráter íntegro, de boas intenções e dada às boas obras. P. de calcanhar rachado, pop: pessoa de pé descalço, de baixa condição ou mal-educada. P. de distinção: pessoa que se distingue por seus merecimentos e honras excepcionais; pessoa notável. P. de feliz memória: a que deixou de si grata recordação. P. de meio-relevo: indivíduo sem caráter determinado. P. de pouco mais ou menos: pessoa de reputação duvidosa e que merece pouco apreço. P. de qualidade: a) pessoa conhecida ou distinta por alguma qualidade saliente; b) pessoa nobre, de nascimento ilustre. P. do rei: o rei. P. espiritual: pessoa dada a devoção; místico. P. física: V pessoa natural. P. internacional: entidade pública que tem direitos ou obrigações na ordem externa, regidas pelo direito internacional público. P. jurídica: entidade abstrata com existência e responsabilidade jurídicas, como, por exemplo, uma associação, empresa, companhia, legalmente autorizadas. P. meã: a de estatura mediana. P. moral: V pessoa civil. P. natural: a) a criatura humana como existe realmente; homem ou mulher; b) indivíduo considerado singularmente como sujeito de direito. P. pública: toda pessoa jurídica de direito público, como o Estado, o município etc. P. qualificada: a) a que tem qualidades ou atribuições honoríficas; b) pessoa de nobre linhagem. P. sem imputação: a) aquela que não tem ou perdeu o crédito; b) pessoa destituída de fé ou importância social. P. tal: pessoa sem nenhuma importância. Pessoas de obrigação: aquelas que o chefe de família tem o dever de sustentar. Pessoas divinas, Teol: as três pessoas da Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Pessoas reais: os membros da família real. Em pessoa: pessoalmente.
domingo, 6 de julho de 2008
2001
"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do corpo, tremulavam desamparadas diante dos seus olhos.
- O que aconteceu comigo? - pensou."
sábado, 5 de julho de 2008
ATENÇÃO não quer dizer PERIGO
Ignorância ou ingenuidade?
Com esta ingenuidade que não me cabe mais
Com esta ignorância que não me cabe mais?
Talvez nunca tenha sabido
Talvez nunca tenha pensado o que esperar como resposta
A razão insiste em ser uma faculdade emocional
Lembro a quem amo: a cumplicidade sempre nos tornou livres.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas.)
sexta-feira, 4 de julho de 2008
O homem está condenado a ser livre
Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada (1943).
Sinto, logo existo.
Bastei. Agora, eu quero ouvir.
Eu sinto falta.
Sinto.
Falta.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Ponto de chegada e partida
Um horizonte é sempre maior que um lugar. Infinito.