quinta-feira, 24 de setembro de 2009


acabei de chegar em casa. dançam na minha frente os motivos pequenos que me causam irritação. todos os dias, eu me incomodo com as mesmas coisas. só que, esta semana, eu estou indo bem. desde segunda, troquei o eixo e vou indo bem. fazendo coisas que há muito desejo e que não vão me levar a lugar algum. graça. eu não estou preocupada. nem com pressa. por mim, não passa nem mais um dia. a única coisa que eu espero agora é passar uma sexta-feira no Porto da Barra, o dia todo, tomando sol. não há pressa para o idílio. o idílio é o que não acaba. o Porto da Barra vai durar para sempre. há pouco, estava comendo broa no sofá. sem nenhuma organização. o jantar se impondo ao silêncio interno. no ar, vi pela primeira vez, provavelmente pela falta de pensamento, a tristeza suspensa. só e desconectada. para mim, tristeza é como vírus. precisa de corpo para se manifestar. dela cheguei a sentir pena, embora não tenha lhe previsto a morte. mas basta-lhe como castigo a existência suspensa, a perda geral dos sentidos. quanta pena da tristeza, pendurada no varal, sem saber se lhe secará o sol ou lavará a chuva. adiada, deixada para mais tarde como um compromisso desimportante. agora, estou comendo um amanteigado. amanhã começo a traçar um plano para curar o meu estômago. gastrite é uma coisa tão fácil de acabar. trata-se com remédio, em três meses. olho em volta. por dentro, por fora, qualquer ruído é gastrite. tudo tem remédio. tudo é muito fácil de acabar. periga, às vezes pedindo para morrer, às vezes pedindo para ficar vivo. é assim. tire da cabeça a audição e a gastrite, o vírus, a tristeza, tudo vai pairar, sem influência, sem sentido. até a gente mesmo pode, respirar pendurado, sem importâncias.

Um comentário:

Monique Monteiro disse...

"adiada, deixada para mais tarde como um compromisso desimportante". Sei bem como é isso. Ô coisa doída é ter de adiar uma tristeza, pôr outra máscara no rosto e cumprir com os compromissos tidos como mais importantes... e muitas vezes eles nem são.