sábado, 31 de outubro de 2009
relatos
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
extensão em qualquer sentido
domingo, 25 de outubro de 2009
meios de fim
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
"navegar é preciso..." - contava a história de helena do cais.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
pouco verso
(Chamada transatlântica)
terça-feira, 20 de outubro de 2009
1º mito
quando ele chegou, eu dormia. despertou-me sua presença com um certo arrepio. já não era tensão, nem calma, outra coisa me corria por dentro. mas eu permaneci deitada, como se ele não pudesse me machucar. a barriga exposta, respirando. e antes, apenas prevendo seu olhar, me cobriu a vergonha, como se ali estivesse tão nua como nasci. estancou-me. em minha direção, ergueu sua mão pálida e fria, afastando os dedos o máximo que pôde, para tocar-me o ventre. estremeci. fechei os olhos. a tempo de ouvir distante a pergunta-chave: quer ser eterna ou mortal? antes de pensar a resposta, ocorreu-me uma lágrima pelo canto do olho esquerdo. nunca soube de onde esta água vinha. levada pelo ventre quente sob a mão fria, eu, mulher corrente sem nenhum esforço, disse-lhe do meu sangue: não sou o tempo que me dá em sua noite ou em seu dia, sou o tempo que me cabe dormir e acordar. apenas para mim poderei ser eterna. vale, a minha vida, o quanto eu durar.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
fim de noite, no quarto com a cama feita. só me resta apagar a luz e acender um incenso.
***
domingo.
eu saí e, quando voltei, na porta da geladeira, ela tinha pendurado para mim um recado:
"onde você se meteu? deixou a chave na porta. vem cá, procurei um tempão... nesta casa não tem cigarro!?"
eu quase ia respondendo, mas. com o bilhete no chão, desviei a cabeça e acendi a luz do quarto.
domingo, 18 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
eusócaetano
manhã de cinza
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
até o telefone tocar - a conversa discreta e alheia me interrompeu bruscamente.
eu tive que falar embora não tivesse nenhuma lógica. eu falando e o ridículo crescendo a minha contradição. aquilo me soaria tão falso, se não tivesse acontecido. eu não imaginava perguntar. e enquanto pensava se perguntaria, soube que não tinha mesmo o direito. mas era o meu papel, o meu primeiro papel, o papel inicial, o papel passado. esse negócio de ser mulher e assinar o nome. foi o meu direito e, se eu esconder tudo o que pensei pelo bom tempo em estive calada, seria ele reconhecido por todos. este pensamento é uma traição. e se eu não estivesse tão confusa e com tanto medo, eu teria me condenado. ao invés disso, fiquei com pena, vendo o quanto eu era parva. pensando em quanto a gente faz exatamente o que esperam que a gente faça. e agindo assim, a gente só surpreende quem está muito perto, porque só quem está perto imagina que somos indivíduos e que vamos agir diferente. mas eu não sei mesmo a quem surpreendi. parada, assistindo uma crise de tristeza fingir ser uma crise de territorialidade. eu quis culpar. mas de lá, o que ouvi foi tão sincero, tão singelo, tão cuidadoso. faltou-me cinismo. fiquei apenas triste, sem nenhuma violência, por um longo instante. até desejar odiar o homem bom, anjo sincero e uno, muro contra o qual se debate o meu existencialismo. esse negócio de ser mulher e passional. essa mistura que demoniza o feminino. e que eu aceitei por medo de não ficar louca, achando glorioso quando me disseram que queimei na fogueira. eu quis odiar e não fui capaz. não presto para odiar ninguém. e eu me arrependi de tê-lo coagido a me responder como a uma santa. mesmo sem tanto pecado. eu nasci sem autoridade.
sábado, 10 de outubro de 2009
considerações
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
rebentar
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
a primavera diz
domingo, 4 de outubro de 2009
introversão
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
um trecho para outubro
e eu a abri por tê-la visto brilhar em envelope tímido, desconhecido. nem vaidade, nem curiosidade, nem libertinagem. uma carta singela, de papel claro letras transparentes, que logo não entendi e, então, observei suas formas por mil leituras.
vi a carta e ela a mim, em códigos estranhos e estranhamente compreensíveis. renitência, resistência. uma mesma carta, outra em tantas leituras, que a mim pertencerá sem nada a fazer ou preservar.
carta - papel, lenço, lençol - matéria e sonho de corpo translúcido e transitório entre o que tem e o que perde lugar.
uma carta.