terça-feira, 28 de outubro de 2008

Então, por que a morte do ator ainda é cênica?

Eu acredito no teatro da motivação, imaginação e fé. É o que eu acredito, o que eu desejo e o que eu busco para mim. Tratando com destreza estes três elementos, não tenho dúvidas de que um ator possa se comunicar com a platéia em qualquer lugar do mundo, em qualquer linguagem e/ou expressão teatral, se por ventura quiserem classificar.

O teatro é convenção. Não há teatro sem imaginação e fé e, por essência, a motivação, servindo estas duas coisas. Estes dois elementos precisam existir tanto no palco, quanto na platéia para que um espetáculo aconteça. O ator imagina e acredita. A platéia imagina e acredita. O espetáculo é sempre a junção da imaginação e crença do ator e da platéia. Tudo que um ator faz em cena só existe para suscitar a imaginação e a fé, dele, dos demais atores em cena e do público na platéia. A imaginação e a fé constroem a emoção. É com emoção que se preenche um espetáculo de teatro. É desta forma que o teatro ascende a categoria de arte.

Quem não acreditar nisto, que faça os outros tipos, que siga outros caminhos. Eu, por enquanto, quero mesmo desconhecê-los. Não tenho a pretensão do teatro mundial, tenho a pretensão do meu teatro. Do que gosto de assistir, do que eu gosto de fazer. No entanto, é bom que existam os outros, favorece o diálogo, a discussão intelectual. E o melhor: o diálogo teórico não requer uma produção concreta. Assim, qualquer artista, inclusive eu, pode dizer o que pensa e fazer apenas o que quer. Caso não, pelo menos, ainda resta a qualquer artista, inclusive a mim, a opção do não fazer. O que não existe é artista refém da arte: se não se tem liberdade de criação, não se é artista. Se não se é artista, não se faz arte. A arte não aprisiona ninguém, liberta.

Tudo isto por que quando eu vou ao teatro eu quero, pelo menos, duas coisas:
  1. O direito de poder imaginar: estou farta de vê as coisas como elas são, quero vislumbrá-las.
  2. Profissionais que vendam as suas emoções e não o seu corpo: o corpo do ator é veículo de sua arte e não produto.

PS: Um dia com calma, tempo e mais jeito, voltarei a esta digressão.

2 comentários:

Ana Paula Brasil disse...

É prima... eu entendo perfeitamente a necessidade do seu radicalismo no balcão da padaria paulista. Não dá para comer bife com fritas, ouvindo certas coisas.

Anônimo disse...

"... agora vc é uma estrela ... "

bjs

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(para mim vc sempre foi)