quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Epifania: uma bela manhã de 91

Eu e a minha irmã aprendemos algumas músicas juntas. Ficávamos repetindo as letras um bom tempo até memorizar. Lembro-me que foi assim, em diferentes momentos das nossas vidas, com Os barcos, Tarde em Itapuã e Aquarela, que achamos despretensiosamente nas páginas de um livro de desenho. Ficamos horas nos divertindo e cantarolando a música. O nosso dueto infantil de Aquarela teve uma inesperada carreira: um dia, a professora resolveu fazer um trabalho e o som não funcionou, fui chamar a minha irmã na sala dela e nós duas cantamos juntas para algumas turmas da 4ª série. Eu tinha 10; ela ia fazer 13 e estava na 6ª.

(...)

"E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faco chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá"

Aquarela

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