sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

lembrei que ontem
quando eu fora um quadro
emudeci
procurei correspondência
dentro da minha moldura, tela e tinta.
depois, com a sala vazia,
desejei, sinceramente, ser menor.

forjei-me pintor.

no fim de tarde da praia só minha
caminhei com um macacão branco
sujo de tintas.
não havia paredes
eu fora as cores do quase acaso
no ilimitado tempo

o branco impregnado de pingos,
risco de uma mão desastrada de poucos olhos,
refez-me quadro.

assim fui. eternamente quadro.

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