sexta-feira, 15 de outubro de 2010
mistério
de que nome te chamo, não sei.
já não o sabia quando, em tantos espectros, escapou-me viva alma por alguma fresta, abandonando o meu corpo à gravidade.
inconsciência.
enquanto a alma atravessava abismos; o corpo jazia, cumprindo pequena morte até acordar sonâmbulo. lapso de procura.
horas depois, eram novamente um.
consciência.
lembrei-me da experiência após o reencontro corpo-alma. submeti, a todo tipo de razão, aquele pedaço de vida.
horas depois, ainda não pude compreender.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
sweet jardim
morta fiquei até descobri que a ignorância apenas desfalece. foi o vento na plaquinha de madeira que vi plantada no jardim. no balanço, eu li: "basta aprender para tornar a viver de novo".
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
amor
"química que se revela até quando de ti vejo apenas a sombra. verbo. de onde vem, esconde de nós teu corpo o segredo. não se dá, nem finda. transpõe a borda. vivo para te ver arar inconsciente este belo que coube a ti do universo Deus, homem."
terça-feira, 31 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
conto de passarinho
domingo, 11 de julho de 2010
sonho, delírio e contradição
quinta-feira, 1 de julho de 2010
daqui
segunda-feira, 7 de junho de 2010
um breve
quinta-feira, 15 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
ontem, eu achei que esse blog não me levaria a lugar nenhum.
são tantos os pensamentos que me interrompem ao longo dos dias em enxurrada, como essa chuva de inverno e o seu vento forte entrando pela minha janela. às vezes, eu a fecho e fico com meu suor e minha fumaça. às vezes, eu a abro, deixando os respingos virarem poças, que mais tarde enxugo com guardanapos de papel. às vezes, eu apenas deixo uma brecha. e, assim, pequenina, a chuva me acompanha; e, assim, pequenina, eu acompanho ela - quase de longe, quase de perto.
ontem, enquanto passava pela orla da Barra, era como se o céu cinza chovesse sobre o mar revolto. mas não. naquele meio de momento, a chuva era passado e presságio. e eu não a precipitei. silenciosa, apenas ouvia a minha voz dizendo que eu não queria me afastar do mar. senti uma sincera felicidade de estar em minha cidade. fiquei assim, crente de que era aqui, mesmo diante desse mar revolto, que em algum lugar estaria em casa.
o inverno é uma estação. não se acabam as estações. elas se vão sozinhas e, sozinhas, também retornam. eu sei que quando viajo, carrego a minha cidade dentro de mim. não posso fugir desse inverno. desde que ele apareceu, reagi de diferentes formas, mas já tenho aceitado que ele dure o tempo que precisar. talvez eu e outros além de mim necessitem de tamanhas chuvas.
é a sede que nos diz o que fazer. ela grita e também sussurra as horas de partida. mas a gente aprende a admirar o auto-controle e passa um bom tempo raciocinando e engolindo a própria saliva antes de encher o copo. até perder a hora. no atraso, a minha sede vira aflição. lembro: vou morrer. é provável que eu quebre o copo antes mesmo de enche-lo. o copo vazio em cacos no chão não é mais copo e eu choro lembrando do seu corpo. o copo vazio em cacos no chão quase fora água, e já não poderá matar a minha sede.
é bom lembrar que sempre pode piorar. é bom lembrar que há sempre muito a fazer. depois que um copo quebra, pode-se catar os cacos, pode-se cortar os pulsos. pode-se furar um cantinho do corpo para que o remorso sangre. mas por qual canto o remorso escapa? é mesmo pelo pulso que nos escapam todas as dores?
nem as mulheres nascem sabendo sangrar. é apenas com o tempo que o corpo delas descobre. e talvez seja por isso. eu fiquei assim: crente de que é aqui, diante desse mar revolto, que algum lugar, eu posso descobrir.
sábado, 10 de abril de 2010
sábado, 3 de abril de 2010
ele me disse tudo.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
madrugar
segunda-feira, 29 de março de 2010
se fosse para dizer:
sexta-feira, 26 de março de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
ouvindo sonhos...
segunda-feira, 22 de março de 2010
dona
terça-feira, 16 de março de 2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
mal-me-quer
quinta-feira, 11 de março de 2010
domingo, 7 de março de 2010
chuva
Amar
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 2 de março de 2010
domingo, 28 de fevereiro de 2010
narrativa de solidão II
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
narrativa de solidão I
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
ressaca moral
debaixo do nariz
sábado, 6 de fevereiro de 2010
noite
eu, tu, ele
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
2 em fevereiro
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
conto de areia e mar
medo
domingo, 24 de janeiro de 2010
baú
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
chão
eu tenho caído com muita frequência. no meio da rua, tropeços, escorregões.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
ensurdecer
domingo, 17 de janeiro de 2010
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
paixão mal-escrita
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
feliz ano novo
para lidar com a morte, esqueça a vida.
não há vida após a morte.
se algo depois do fim houver, outro nome terá.