quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Diálogo VI # Sem silêncio

- Quando eu estava vindo para cá, vi a Clara, chamei: Clara! Mas foi meio tarde, bem na hora ela atravessou a rua.
- Ela não ouviu?
- (apertou os lábios, antes de responder) Eu sei, o senhor acha que eu não devo mais falar dela.
- (ouve sem olhar)
- Eu quero, doutor. É o meu azar.
- Não há problema nenhum, desde que você consiga ficar bem assim.
- Ela estava com um vestido curto, reparei porque ela não usa muito. Acho até que engordou um pouco também...
Às vezes, eu penso que ela mudou de cidade. Sei lá, está em outro país.

(pausa)

Quando eu a vejo, doutor, faz um silêncio.

(Sozinho)

Há o silêncio que desperta com o seu sorriso.
Ensurdece. Nuveia o chão.
Preciso dele. Hoje de manhã, precisei mais.
Veio outro, tão... tanto... ainda.

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