sábado, 14 de novembro de 2009

A hora do trem passar


e eu tive tanto medo que você morresse. acidente de carro. assalto, sequestro, assassinado. queda de avião. desabamento, incêndio. infarto. eu tive tanto medo que você morresse do dia para a noite. repentinamente. eu tive tanto medo que o mundo acabasse, sem que a gente pudesse fazer nada. que fosse maior que eu, que eu não pudesse impedir. e eu chorei. e você sabe. eu mesma te dizia e abraçava quando, às vezes, com medo, eu não conseguia dormir de madrugada. uma morte. a morte que desde o primeiro choro nos é anunciada. como eu sempre tive medo. de um dia qualquer, comum, de chuva ou sol, em que no peito talvez eu, distraída, não sentisse nada. como eu tive medo do dia que, ao acordar, eu não reconheceria, mas ela, impiedosa, viria me fazer esta surpresa. sim, eu tive medo. e durante muito tempo não o compreendi. e, agora, a única coisa que não compreendo é porquê durante todos os anos eu esperei por isto. e hoje, assim, com tudo as claras, eu não consigo... evoluir.

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