segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ia sair, mas teve vergonha. Tudo nela parecia obsceno ou feio. Ficou em casa, escondida do repúdio e medo. Deitada esperando a chuva chegar. Ela quer uma desculpa. Ela quer um motivo. Ela quer uma mala nova e sabe que não adianta. Ela se olha distante até a dor passar. Pequena. Tem medo, sempre treme a volta.

Ela vai dançando a sua vida branca até onde o sonho aguentar. Como uma puta ou como uma santa se oferecendo ao que passa. Ela carrega consigo os castigos. Tem uma bolsa cheia de remédios. Lê todas as bulas e não usa. Ousa. Fala de tudo que precisa. Não pode. Não pede. É presa, presa e presa. Ora extravagante, ora só os olhos da louca. Fácil a qualquer bajular.

Rendida, descrente. Ia sair, mas teve vergonha.

Nenhum comentário: