segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

o guardador de carros


Eu não percebia, mas esperava o fim do sinal vermelho. Sentada no ônibus, com minha cabeça longe, voltada para o lado de fora da janela. Não teria notado nada disto, se não fosse ele a me olhar. Sentado em cima de um carro, olhou para mim com tanta insistência que me tirou os pensamentos. Fui automaticamente ao encontro de seu rosto. Nos olhamos. Ele esperou que eu virasse. Eu esperei que ele me ofendesse. E, como é dada a simplicidade, em poucos segundos de calma, reconhecemos de nós o olhar ingênuo. Ele sorriu. Eu sorri também. De lá, ele falou, enquanto apontava os ouvidos, "está ouvindo música, né?". Alargando o meu sorriso, balancei um sim. O sinal abriu. O ônibus se movimentou, desprendendo o nosso olhar, mas logo retornamos ao encontro. Ainda em pouca velocidade, o ônibus cruzou o carro parado ao meio-fio. Com outro sorriso, ele acenou um tchau. Contente, os devolvi. Era começo de tarde e este foi o meu primeiro motivo no dia para sorrir. Poucos minutos depois, desci do ônibus. Deu para sentir que fazia um belo sol.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vários sorrisos.