eu inventei ele.
e assim, com a invenção, nós brincamos.
numa tarde, quando descansávamos lado a lado a brincadeira, ele levantou e saiu andando.
não se despediu. com as mãos despreocupadas parecia não levar nada. fiquei esperando que olhasse para trás. mas não. passei muitas tardes, sentada no mesmo lugar. sempre lembrando dos seus olhos. no fundo deles, uma fé que me queria dizer "eu cresci" e me deixava ver que ainda era além, o presente, desconhecido e impetuoso "eu estou crescendo".
ouvi do vento, o caminho do jovem adolescente a inventar a sua e, com ela, outras vidas. eu também já me levantei sem olhar para trás. é coisa que se desaprende com o tempo. com a memória que segue e preocupa as mãos.
ele me (des)inventa a cada passo. eu, nós dois, a cada tarde.
a nossa (des)existência é pura invenção.
Roteiro inexistente para uma cena triste
Há 3 anos
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