Há algum tempo, um estranho persegue a minha mente. Um dia, o vi passar. No outro, ouvi sua voz. Certa vez, ele estava na minha frente na fila do supermercado. Observei-o atentamente. Neste dia, descobri seu nome. Descobri onde morava. Passamos meses sempre nos vendo pela rua. Às vezes, em lugares inesperados.
No começo deste mês, dada à insistência do destino, resolvemos nos aproximar. Não houve uma apresentação oficial. Apenas um "Olá. Tudo bem?!" Foi engraçado. Daí em diante, sempre trocamos algumas frases, corriqueiras, divertidas e triviais. Assim, vamos nos acostumando um ao outro. Teve um dia que quis contar uma coisa para ele. Na verdade, já tinha pensando outras vezes. Só que naquele dia, teria contado, se o tivesse visto. Cheguei a caminhar pela rua, mas nada.
De umas semanas para cá, quando vejo uma coisa, penso nele. Sempre penso nele. Ele é um estranho. Outro dia parei para analisar. Desde que o conheci, fiz várias coisas por causa dele. Eu nem sabia. Ele é um estranho. Outro dia, ele tinha um livro na mão. Procurei na internet. Li um artigo sobre o livro. Li o livro. Não gostei muito. Queria ter dito a ele. Vai ver ele também nem gostou. Fiquei uns quatro dias sem vê-lo. Fiquei triste. Quando a gente se encontrou, ele fez uma cara do tipo "você sumiu". Eu ri meia hora. Quando cheguei em casa, escrevi mais um texto para o blog. Ele nem sabe que eu escrevo.
Ontem, saí rapidinho para comprar umas coisas. Mal pensei nele. O vi quando dobrei a esquina. Ele estava do outro lado da pista e atravessou para falar comigo. Fiquei um pouco nervosa porque normalmente a gente não pára quando é assim na rua. Ele explicou tudo: "Oi. Então, Paula, Feliz Natal!". Claro. O natal. Eu nem gosto que me chamem de Paula, mas, coitadinho, ele ainda nem sabe disso. "Sim. Para você também. E Feliz Ano Novo!". "Não. A gente ainda se vê antes do Ano Novo". É? Sorri um "Quem sabe". Ficou no ar o tempo de um abraço. Mas, era demais. Afinal, ele é um estranho. Quando me afastei um pouco, ele disse mais alto "Olha, ano que vem a gente se conhece". Ri uma hora. Óbvio. Ele não é um estranho. Na próxima, darei a ele um abraço de Feliz Ano Novo!
2 comentários:
Que lindo!Xiii...chorei!
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