quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Diálogo I # Desencontro

- Que há?
- Descobri que tem limites.
- O quê?
- A nossa liberdade.
- Por quê?
- Nunca se está sozinho... Você tem cordas!
- (leve) Sim, elásticas e coloridas. Eu as amarro onde quero.
- Mentira.
- Que sabe?
- (Afirmativo) Que elas estarão sempre em seus punhos.
- Pode ser... Não há mal nisto.
- (Grave) Para mim, há.
- (Provocativa) É, ainda não está livre.
- De fato. Eu não ignoro o que me prende.
- (Intensa) Então, por que não aceita?
- Para ser o quê?
- Mais de um.

(Silêncio)

- Onde estávamos?
- (Angustiada) Em silêncio.
- Não fala mais?
- Depende.
- De quê? (Pausa) Eu estou ouvindo.
- (Pequena) Não parece.
- Mas estou aqui do lado.
- Finge.
- (Ansioso) Não estou fingindo.
- Então, está fugindo.
- Posso?
- (Covarde) Se é o que quer...

(Pausa)

- Acho que vou me mudar.
- (Contendo-se) Para onde?
- Para um apartamento menor, não crio nem planta.
- Por aqui?
- (Solitário) Não sei ainda.
- Vê se não some.
- (Cruel) Éramos mais amigos, quando mal nos conhecíamos.

(Lágrimas)

- Você não me perdoa.
- (Renunciando) E nem sei por quê.
- Eu sei.

Um comentário:

Daniel Guerra disse...

peça realismo