sexta-feira, 3 de julho de 2009

ao grande Amor

Sonho.
Como eu queria furacão, tempestade, tsunâmi, terremoto... uma catástrofe natural qualquer de que, nós dois humanos, para sempre carregássemos a culpa. mas não.
Estávamos inocentes deitados na rede da varanda. foi só vento frio na passagem. uma janela aberta. vento frio na nossa noite. a displicência da porta encostada. vento esfriando o café e os pratos de almoço e janta. era só uma catástrofe final para que o passado parecesse vil e nós, a quatro novos olhos abertos, redesenhassemos com independentes cores o bom futuro e outrem. tudo no mundo para a verdade única acabar e sermos para sempre falsos brilhantes de um dourado anel. mas não.
Foi o incomum e calmo. rio acima, mar abaixo. lágrimas quentes de apenas dor de fim. dor de suicídio. esquenta a retina, o nariz. incha, transborda e não passa. lágrima que vai queimando a pele caminho com uma insistência morna, deslizante e erosiva.
É para sempre o sorriso pleno do passado. chegou antes. foi-se cedo. porque não quando fôssemos velhos? envelhecemos. será que isso se repete? será que poderemos ter dois do melhor? e se nós tivéssemos visto antes, quando lá de cima, sem pretensão, éramos os únicos e mais felizes e tudo o que não se podia explicar e só compreender? e se cair das nuvens fosse sempre como água em chuva torrente e nunca um descuido ao se virar e dar com as costas no chão do quarto, ao lado da cama...
És tu, a tristeza no fundo dos meus olhos e será. toda a água aprisionada em meu corpo, por detrás da minha pele, em temperatura regular. eu nunca mais vou olhar nos olhos de ninguém. vou desviar do caminho que te descubra.
Vai você, subindo o rio.
Vou eu, de encontro ao mar.
Andemos. andemos. andemos.

Que Deus nos ajude no silêncio.

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