quinta-feira, 16 de julho de 2009

para o dia em que for embora

sei de mulheres que amam ao longe. soube de uma que, cansada da espera, pegou um barco e desceu o rio. ela entendia de remar. às vezes, a gente esquece que pensa que remar é coisa de homem. mas eu. eu entendo pouco de remo, ainda não tenho muita força no braço. remo um pouco, paro, deixo a correnteza me ajustar. a correnteza, sim, tem muita força.

se tem uma coisa que a mim impressiona é água. seja por saber que há muito de água no mundo e que há muito de água no corpo. seja pela sabedoria divina que é existir água doce e existir água salgada. seja pelo poder que ela tem de ser chuva e de guardar-se debaixo da terra; seja pela imensa certeza com que elas em uma se misturam. eu gosto de água. e sou.

no dia em que eu for embora, quero a licença das águas. vou num dia que quero, por todos os céus, o sol. mas, se por bem, o tempo me mandar em chuva, eu em paz também vou. vou até em lágrimas, molhando-me de água companheira.

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